Estudo mapeia uso da tecnologia em escritórios de advocacia

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Em meio às transformações mercadológicas, o impacto da tecnologia no universo do Direito é um tema que vem ganhando atenção e espaço para debate. Entre as trocas de ideias que ocorrem paralelamente ao inevitável avanço do uso tecnológico no dia a dia de qualquer profissão, inclusive no da advocacia, recente estudo do Centro de Ensino em Pesquisa e Inovação, da FGV Direito SP, mapeou a realidade dos escritórios no Brasil. O levantamento resultou em duas pesquisas: quantitativa e qualitativa. A primeira é uma espécie de radiografia, que buscou mensurar se a classe está preparada para atuar com base em tecnologias avançadas. A segunda, por sua vez, avalia as ações de quem classifica como desbravadores, por já investirem em automação.

A pesquisa quantitativa, foco deste texto, entrevistou 403 escritórios de pequeno a grande porte para averiguar se, e de que modo, a tecnologia é empregada. Foram ouvidas estruturas com, no mínimo, três advogados ou advogadas na equipe, sendo que fatia de 70% delas está na região Sudeste. De acordo com o levantamento, nove em cada dez escritórios consideram importante o impacto do uso de softwares. No entanto, menos da metade utiliza esse tipo de recurso para o auxílio das atividades jurídicas. Do total, 51% não faz uso frente aos 44% que optam por esses recursos (ver gráfico). A pesquisa mostra, ainda, que fatia menor – apenas 26% – não investe em softwares para geração automática de documentos. São recursos de infraestrutura tecnológica avançada.

Marina Feferbaum, uma das coordenadoras do estudo, cita hipótese para avaliar os números. “A maior parte das bancas é composta por escritórios de menor porte, que não negam a importância da tecnologia e, tampouco, que seu uso facilita a atividade diária. Mas há o custo, inclusive de aprendizagem”, comenta.

Na percepção dos entrevistados, o emprego de softwares auxiliares é visto como positivo por trazer maior agilidade ao trabalho e à organização do escritório. Mas há ainda desconhecimento em relação às diferenças entre tecnologias e, consequentemente, ao uso de infraestruturas mais avançadas e o impacto disso à atividade – por exemplo, repensar modelos de prestação de serviços. Segundo os pesquisadores, é necessária a atenção da advocacia aos movimentos de mercado para antecipar-se, na medida do possível, às mudanças que estão por vir de modo a preparar-se com a devida prevenção.

É importante esclarecer que a maior parte dos softwares utilizados atualmente pela amostra se aplica, ainda, à gestão do dia a dia – em tarefas como auxiliar o controle de prazos, organizar minutário, entre outros, cujo objetivo é maior sistematização. Há também ferramentas destinadas a outros usos, como gestão financeira. Mas utilizar recursos de infraestrutura tecnológica avançada – realidade mais comum verificada em bancas de maior porte – é primeiro passo rumo à automação. Quer dizer estar na direção de empregar tecnologia em tarefas jurídicas mais complexas: quando se desenham processos de automatização de trabalhos repetitivos – atividade realizada pelas chamadas legaltechs ou lawtechs.  

Gestão do conhecimento
Preparar o terreno para implementar tecnologias avançadas envolve apostar em gestão de conhecimento. “É passo fundamental”, resume a pesquisadora. Segundo o levantamento, trata-se de processo que, neste contexto, cuida de identificar e descrever organizadamente as etapas envolvidas na execução de tarefas típicas da prestação de serviços jurídicos, bem como organizar a aquisição e reutilização de informação.

Em suma, somente após identificar e especificar, detalhadamente, o que está envolvido na execução de uma determinada tarefa, é que se pode pensar em automatizar etapas dela. Desse modo, para quem pretende implementar execução automática de tarefas, ou mesmo apenas algum auxílio computacional à execução, é clara a necessidade prévia da gestão do conhecimento.

Este é um ponto de alerta identificado pela pesquisa, visto que é praxe que a gestão de conhecimento esteja geralmente nas mãos de um sócio. “É importante que essas informações estejam organizadas institucionalmente. De modo lógico e acessíveis, não apenas na cabeça de alguém”, avalia Marina. O estudo aponta, ainda, grande variação de cargos indicados pelos entrevistados para ocupar a função, incluindo a equipe administrativa e até mesmo estagiário, o que sugere, diz o material, falta de clareza e, possivelmente, subdimensionamento sobre a importância do tema.

Fonte: OAB SP

 

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