Desafios da Inconsciência Negra no Brasil do Século XXI: simpósio reuniu a advocacia e a sociedade civil

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Questões fundamentais sobre o racismo foram analisadas de forma multidisciplinar e trazidas à reflexão durante o II Simpósio sobre os Desafios da Inconsciência Negra no Brasil do Século XXI, realizado na terça-feira e nesta quarta-feira (22 e 23/11), na Casa da Advocacia. O evento foi aberto pela presidente Luciana Freitas que compôs a mesa ao lado do vice-presidente, Paulo Braga; e do diretor Cláudio Vieira; da presidente e da vice-presidente da Comissão da Igualdade Racial, as advogadas Adriana de Morais e Daniela Oliveira da Fonseca; do presidente da Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil, Ademir José da Silva; e da vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, Juliana Sartori.

Em nome da diretoria, a presidente Luciana Freitas falou da importância de a Casa da Advocacia e Cidadania de Campinas sediar e abrigar discussões sobre assuntos que envolvem a sociedade como um todo. “Enquanto cidadãos, é importante que a gente possa ter esse espaço para tratar assuntos que são preciosos e necessários, porque, infelizmente, ainda nos deparamos com situações que muitas vezes vão para os noticiários e muitas  vezes não, mas sabemos que acontece”. A diretoria agradeceu as Comissões da Igualdade Racial, da Verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil e de Direito e Liberdade Religiosa pelo empenho na organização do simpósio.

A presidente da Comissão da Igualdade Racial, Adriana de Morais, agradeceu o público presente, formado por advogadas e advogados, estudantes e profissionais de outras áreas. “Após dois anos sem realizar o evento, é gratificante ver a casa cheia para debatermos sobre o racismo, trazer esse debate em todos os recortes da sociedade. Falamos em desafios porque ainda o debate se faz necessário, para que possamos avançar, tornar uma sociedade melhor e livre dessas mazelas”, destacou.

Em nome das Comissões que preside, o advogado Ademir José da Silva afirmou ser fundamental ampliar os debates sobre as questões que envolvem as desigualdades e o racismo no país. “Esse evento precisa ser de todos os brasileiros, essa discussão não pode ser apenas lembrada ou feita por uma parcela da população, a tarefa é muito grande, é preciso que todos nós brasileiros de boa fé, que queremos um Brasil melhor para todos, nos irmanemos”.

No primeiro dia do simpósio, a promotora de Justiça Cristiane Corrêa de Souza Hillal, o promotor Rogério Sanches Cunha, e a procuradora Regional do Trabalho, Danielle Olivares Corrêa, discorreram sobre o papel do Judiciário nas Práticas Antirracistas, a atuação dos sistemas de Justiça, e a legislação. O painel também contou com a exposição da jornalista Hidaiana Rosa sobre a importância da atuação da mídia.

Saúde e Educação

O segundo dia do simpósio contou com quatro painéis que trataram sobre temáticas fundamentais: educação, saúde, ambiente urbano e religião, com dados importantes sobre o atendimento da população negra nas respectivas áreas, com dados relevantes que retratam o cenário no país. 

Na manhã de hoje, a mesa de abertura contou com a presença da diretora Stella Serafini, representando a diretoria da OAB Campinas, para as boas vindas aos palestrantes do dia e ao público. O primeiro painel, sobre a importância da Lei 10.639/2003 na Educação Antirracista  teve como expositores a Doutoranda em Educação e Especialista em História e Cultura Afro-brasileira, Luci Chrispim Pinho Micaela; o advogado e Conselheiro Estadual da OAB SP, Eginaldo Honório; e a Consultora em Educação Antirracista e Letramento Racial, Maísa Angélica dos Santos.

A temática do painel tratou sobre a mudança na legislação das diretrizes e bases da educação nacional  que inclui a temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, trazendo importante avanço no ensino  sobre a importância da história, da contribuição da população negra no desenvolvimento do país  e da cultura negra na formação da sociedade.

A saúde da população negra foi o tem central do terceiro painel que reuniu profissionais  da área: o médico  Leandro da Silva Severino, Especialista em Medicina de Família e Comunidade; Débora Santos, Doutora e Mestre em Enfermagem e a agente Comunitária de Saúde Nilvanda Sena Rodrigues. As palestras apresentadas trouxeram dados e recortes sobre as políticas públicas, a saúde da mulher negra, entre outros tópicos.

No período da tarde, os advogados  Alexandre Tortorella Mandl, Mestre em Desenvolvimento Econômico ; e Waleska Miguel Batista, Mestre em Sustentabilidade abordaram  Os Impactos do Racismo Ambiental ao Direito à Cidade, tema do painel IV, em uma radiografia da situação da população negra nos grandes centros e as distorções quanto à moradia em localidades sem infraestrutura, e ausência de serviços públicos básicos.

O painel de encerramento do simpósio trouxe outro ponto importante: o racismo religioso. O Juiz Federal Substituto da 3ª Vara Federal de Campinas, Renato Câmara Nigro, a historiadora Alessandra Ribeiro; a pedagoga Jacqueline Damazio, e a advogada Elisângela Nunes de Oliveira, foram os palestrantes e destacaram o quadro vivenciado no Brasil, quanto à intolerância religiosa, em especial sobre as religiões de matriz africana.

Em todos os painéis participaram como mediadores integrantes das Comissões organizadoras, entre eles as advogadas Daniela Oliveira da Fonseca e Raiça Mara de Camargo Silveira; o advogado Geraldo Amarante, além de representantes das Comissões de Direitos Humanos, Direito da Saúde e OAB vai à Escola.  

Na avaliação da presidente da Comissão da Igualdade Racial, Adriana de Morais, o simpósio foi bastante positivo e produtivo, e superou a expectativa de público. “Tivemos um público muito diversificado,  com a presença de pessoas da sociedade civil, não só advogados e, com isso, nós ultrapassamos algumas barreiras, fomos além da advocacia, trouxemos temas do direito que são importantes para a sociedade civil e conseguimos alcançar esse objetivo. A Casa da Advocacia tornou-se de fato a Casa da Cidadania  porque nós conseguimos, a partir de um tema tão importante que são as pautas raciais, atingir todas as pessoas que precisam ser alcançadas com esse debate”.   

Arte & Cultura

O simpósio também contou com atrações culturais com a apresentação do pianista Pedro Paulo de Avelino, também Advogado,  Mentor e fundador do projeto PAESA – Programa de Auxílio à Educação Social e Ambiental, produtor musical e professor de piano, que tocou um clássico ao piano na abertura do evento.

A Casa da Advocacia também recebeu a exposição  da artista Andrea Mendes,  curadora independente, artista, produtora cultural, educadora e militante de movimento negro. A mostra, montada na no hall ao lado da entrada do auditório apresenta a conclusão de um processo de pesquisa pautado por evocações de memórias que revisitam sua cartografia de deslocamentos e enraizamentos, a partir do próprio corpo e do território. Andrea nasceu em Itaberaba –BA e posteriormente passou a viver em Campinas, seu Acolhedouro  como a própria artista define.

Também como parte das ações culturais do simpósio, a artista plástica Daniella Néspoli cedeu a imagem da obra “Sororidade”, estampada no painel e outros materiais impressos do evento. A  obra faz parte da coletânea  Expressões Quilombolas  que reúne pinturas que remetem a memória e a sua identidade com os seus antepassados, retratam a história e a vida de mulheres negras que geraram, amamentaram e embalaram gerações.  

O II Simpósio sobre os Desafios da Inconsciência Negra no Brasil do Século XXI conto com o patrocínio e apoio das seguintes empresas: Editora Mostarda, Associação Atlética Pointe Preta, Clube Bonfim, Arte Piano, PostNet, Studio Route 690 e VidaMax.

 

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